quarta-feira, 30 de abril de 2014

Censura lecionada



A intervenção dos militares em sala de aula

Por Fernanda Clas e Tamiris Mota

Em 2014 completa-se 50 anos do golpe militar, nessa ocasião é oportuna a reflexão sobre o seu impacto na educação brasileira. Grades curriculares foram modificadas, o ambiente educacional vivia sob um clima de desconfiança, e um novo método de ensino fora implantado.

Biblioteca da FRB - Por Fernanda Clas
Não só mudanças estruturais afetaram a educação, a presença de censores em sala de aula causava grande desconforto aos alunos “Às vezes nós não podíamos identificar (os censores) e isso criava um ambiente horrível, por que não sabíamos quem eram nossos colegas mesmo.” disse Noêmia Davidovich Fryszman, estudante da USP e professora no período  militar, à reportagem.

Quanto aos conteúdos lecionados, Noêmia afirmou que todos sofriam censura “Você não podia falar mal do governo em nenhuma matéria, nem história, nem sociologia, nem problemas brasileiros.”

            Sobre problemas brasileiros, como sugere o título, imagina-se que haveria uma discussão e análise sobre questões brasileiras,tanto as que vêm desde as raízes da história do Brasil e se desdobram até a atualidade, quanto os novos problemas que surgiam no cenário daquela época. Porém, Noêmia afirma que o nome da matéria nada se referia aos conteúdos expostos nas aulas “Em problemas brasileiros era o contrário, era pra elogiar o governo. Mas um professor de química ou física, que fazia algum comentário em classe contra a ditadura era, em geral, penalizado.”

        Sobre as prisões de professores, Noêmia negou ter presenciado alguma na USP, porém afirmou que soube de algumas e acrescentou, sorrindo; “Foram anos terríveis e a gente tem esperança que isso nunca mais aconteça. Se Deus quiser, vocês nem vão saber o que é isso.” 

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