sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cartão Vermelho para Adidas

Patrocinadora oficial causa indignação após lançamento de camisetas depreciativas.
Por Flávia K. Mendes e Gabriela Alencar

Faltando 28 dias para a Copa do Mundo, o Brasil está em polvorosa. Toda a atenção do planeta será voltada para nosso país e não podemos fazer feio. Diversas campanhas publicitárias e produtos foram feitos para promover o Brasil para os estrangeiros, mas uma em especial se destacou.

A Adidas, colocou diversas camisetas à venda em seu site americano, porém duas dessas camisetas possuíam estampas pejorativas, com duplo sentido e com conotação sexual que difamavam a imagem da mulher brasileira. 

    Coração também pode ser enxergado como nádegas.
           Foto: Adidas / Reprodução                
Estampa traz expressão que pode significar tanto:
"pegar garotas", como"querendo gols".
Foto: Adidas / Reprodução

O professor, Alexandre Fillietaz comentou o caso afirmando que a talvez Adidas tenha confundindo a sensualidade geralmente associada ao nosso Carnaval com a imagem da mulher como objeto sexual. "Talvez a campanha tenha sido inspirada em valores culturais brasileiros, mas mal interpretados. As pessoas tem que vir para o Brasil para assistir aos jogos, assistir à Copa e não para explorar o povo brasileiro".

A coordenadora do blog, Blogueiras Feministas, Bia Cardoso, também comentou o caso “Acredito que qualquer coisa que reforce a imagem estereotipada da brasileira para o exterior é prejudicial e só aumenta o machismo em relação às mulheres”.

É importante lembrar que dados divulgados pela ONG sueca ChildHood, especializada em proteção à infância, e entregues à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em fevereiro, mostram o aumento de casos de exploração sexual de mulheres e crianças em locais de grandes eventos esportivos. Na Copa da África, em 2010, foi registrado um aumento de 63% de exploração infantil e de 83% contra mulheres, no período do evento.

“A mulher brasileira foi objetivada, difamada, como se o país fosse um verdadeiro festival de carne humana pronta para consumo”, declara a ilustradora Evelyn Queiróz, que faz desenhos de mulheres com corpo fora do padrão, ela também afirma que enxergou a campanha como uma falta de respeito em nível absurdo. 

A antropóloga Debora Diniz, que escreveu para o Estadão em março, comentou novamente o assunto “O recado que podemos dar é que não somos mercadoria a ser vendida. E que vamos pensar muito antes de voltar a comprar algo dessa marca”.
Governo Federal sugeriu alterações nas estampas lançadas pela
Adidas.
Foto: Reprodução
Em nota oficial, a Adidas afirmou que as camisetas eram de uma edição limitada e que estaria disponível para venda apenas nos Estados Unidos. E também que “os produtos não serão mais comercializados pela marca". 

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