O papel da música nos dias atuais cumpre função política semelhante ao período da ditadura
Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco
Entre os fatos marcantes ocorridos no
Brasil, a Ditadura Militar foi um dos que mais manchou a biografia do país.
Com o golpe, houve forte repressão em diversos meios, inclusive na área
cultural. A Música Popular Brasileira, uma das formas de expressão mais
diretas, foi uma das vítimas principais da censura. Já que para o governo,
certas músicas iam contra as leis e o regime imposto.
Apesar de todas as restrições, muitos
artistas como Geraldo Vandré, Chico Buarque e Caetano Veloso, encontraram
brechas para expor seu posicionamento em forma de versos e canções. Segundo
Marcelo Freitas, professor de história formado pela Universidade de São Paulo,
a repressão não impediu que os cantores se manifestassem. “Muitos músicos foram
exilados. Mesmo assim, optaram por metáforas para mostrar suas ideias e
contornar a censura, utilizando essa figura de linguagem em mensagens
disfarçadas nas entrelinhas das letras”, afirma.
Rapper Lil Geeh (Crédito - João Pedro Durazzo) |
Após 50 anos do Golpe Militar, a série
de protestos ocorridos desde o ano passado, movidos pela juventude, traz de
volta a consciência sobre os direitos dos cidadãos. O rapper paulista Lil Geeh
considera que esses acontecimentos são uma nova revolução. “O movimento
adquiriu grandes extensões e, no clímax reuniu milhões de pessoas reivindicando
mudanças em diversos pontos, como educação, saúde, tarifas de transporte
abusivas, PEC 37, Copa do Brasil, entre outros”, diz.
Refletindo a função da música como
ferramenta política, atualmente é possível encontrar letras que retratam a
insatisfação e o anseio por renovação. “A música posiciona-se como veículo
público, onde há espaço para tipos diferentes de cultura. Através dela, cria-se
a identidade, a voz de um grupo”, pontua Marcelo Freitas.
Para Lil Geeh, o rap possui um
diferencial significativo na representação da realidade. “Com o rap fazemos
vida, pintamos o preto e branco com lápis de cor, jogamos o amarelo da
esperança no escadão, levamos a luz até o buraco mais escuro das cavernas
mentais, que infelizmente existe dentro da cabeça de muita gente”, declara.
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