quinta-feira, 1 de maio de 2014

Música como instrumento opinativo

O papel da música nos dias atuais cumpre função política semelhante ao período da ditadura

Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco



Entre os fatos marcantes ocorridos no Brasil, a Ditadura Militar foi um dos que mais manchou a biografia do país. Com o golpe, houve forte repressão em diversos meios, inclusive na área cultural. A Música Popular Brasileira, uma das formas de expressão mais diretas, foi uma das vítimas principais da censura. Já que para o governo, certas músicas iam contra as leis e o regime imposto.

Apesar de todas as restrições, muitos artistas como Geraldo Vandré, Chico Buarque e Caetano Veloso, encontraram brechas para expor seu posicionamento em forma de versos e canções. Segundo Marcelo Freitas, professor de história formado pela Universidade de São Paulo, a repressão não impediu que os cantores se manifestassem. “Muitos músicos foram exilados. Mesmo assim, optaram por metáforas para mostrar suas ideias e contornar a censura, utilizando essa figura de linguagem em mensagens disfarçadas nas entrelinhas das letras”, afirma.

Rapper Lil Geeh (Crédito - João Pedro Durazzo)
Após 50 anos do Golpe Militar, a série de protestos ocorridos desde o ano passado, movidos pela juventude, traz de volta a consciência sobre os direitos dos cidadãos. O rapper paulista Lil Geeh considera que esses acontecimentos são uma nova revolução. “O movimento adquiriu grandes extensões e, no clímax reuniu milhões de pessoas reivindicando mudanças em diversos pontos, como educação, saúde, tarifas de transporte abusivas, PEC 37, Copa do Brasil, entre outros”, diz.

Refletindo a função da música como ferramenta política, atualmente é possível encontrar letras que retratam a insatisfação e o anseio por renovação. “A música posiciona-se como veículo público, onde há espaço para tipos diferentes de cultura. Através dela, cria-se a identidade, a voz de um grupo”, pontua Marcelo Freitas.

Para Lil Geeh, o rap possui um diferencial significativo na representação da realidade. “Com o rap fazemos vida, pintamos o preto e branco com lápis de cor, jogamos o amarelo da esperança no escadão, levamos a luz até o buraco mais escuro das cavernas mentais, que infelizmente existe dentro da cabeça de muita gente”, declara.


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