quinta-feira, 1 de maio de 2014

Oposições em Marcha

50 anos depois, o regime militar ainda divide as opiniões e ruas de São Paulo

Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues


São Paulo presenciou, no início do mês, mais uma edição da
Marcha da Família. (Foto: Giovana Meneguim)
Em 22 de março, uma segunda edição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade ganhou as ruas de São Paulo. A passeata reuniu 1,5 mil manifestantes, entre maçons, militares reformados ou aposentados e skinheads, que declaravam apoio a uma nova “intervenção militar constitucional” como forma de combater o “domínio comunista” no país.


Ironicamente, no mesmo dia, organizações esquerdistas se concentraram na praça da Sé para a Marcha Anti-golpista Ditadura Nunca Mais. Milhares de pessoas caminharam até o antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que hoje abriga o Memorial da Resistência, repudiando os pedidos da outra passeata e pedindo punição para os responsáveis por torturas e assassinatos durante o período militar.

Em meio às comemorações dos 50 anos do golpe, as duas manifestações evidenciam que a sociedade brasileira ainda não chegou a um consenso sobre o tema. Para o estudante de Jornalismo Douglas Rodrigues, de 22 anos, uma nova intervenção militar seria a melhor solução para os problemas do país. “Com os militares no poder, o Brasil funciona. Eles vão tirar esses corruptos, prender bandidos. Colocar ordem no país”.

Já o militante antifascista Amauri Alvarenga, de 24 anos, rebate tal argumentação, afirmando que a corrupção e a criminalidade são problemas sociais provenientes do capitalismo e por isso não seriam extintos com a tomada do poder pelas forças armadas. “No exército existe corrupção. Ou você acha que as armas de uso militar restrito nas mãos de traficantes foram roubadas? Enquanto existir desigualdade, haverá criminalidade”, pontua.

No mesmo dia, manifestantes caminharam até o Museu da Resistência para repudiar os anseios da outra passeata. (Foto: Giovana Meneguim)

  A proximidade entre as duas marchas gerou tensão na cidade. A Polícia Militar, que acompanhou os dois eventos, preparou um esquema de segurança para que os grupos não se encontrassem, evitando possíveis conflitos físicos. Porém, o embate ideológico é inevitável. Golpe ou revolução, cabe à consciência de cada um. Cinquenta anos depois, ainda não se sabe se são comemoradas bodas de ouro ou de chumbo.

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