domingo, 1 de junho de 2014

Simplificar ou não simplificar? Eis a questão

Projeto para tornar acessível às massas “O Alienista” de Machado de Assis causa polêmica e opiniões diversas
Por Gabriela Alencar

Vocabulário rebuscado, atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos e antecipações modernas, são as principais características dos textos de Machado de Assis, considerado o maior nome da literatura nacional. E quando pensamos em clássicos da literatura brasileira, seu nome logo surge em nossa mente.

Escritos há quase dois séculos, seus livros e contos ainda possuem uma grande visibilidade e importância tanto para mundo acadêmico quanto para o universo cultural. Porém, como comenta o professor de filosofia Humberto de Aragão “Temos que avaliar a realidade do país do qual nós somos cidadãos. A maioria do nosso povo é inculto ou com pouca cultura e dificilmente terá acesso ao um texto literário do nível dos textos escritos por Machado de Assis”.

Foto: Versão de "O Alienista" nos quadrinhos.
 Por Gabriel Bá e Fábio Moon. 
Pensando na dificuldade de leitura e na acessibilidade que os livros de Machado têm em camadas mais populares, a escritora Patrícia Secco, que escreve livros para o público infantil, criou um projeto que viabiliza simplificar a versão de "O Alienista" do autor. Segundo ela, os jovens atualmente não gostam de ler Machado porque consideram sua escrita complicada.

Versões simplificadas de “O Cortiço", de Aloísio de Azevedo e "Memórias de um Sargento de Milícias", de Joaquim Manoel de Macedo, também estão previstas. O projeto recebeu apoio do Ministério da Cultura com uma verba de R$ 1.039.000,00 para a disponibilização dos livros de forma gratuita através do Instituto Brasil Leitor.

A professora de língua portuguesa Virgínia Antunes de Jesus não concorda com a proposta de simplificação “Eu acho ridícula essa proposta, porque as pessoas acham que literatura é só enredo. Não. Tem todo um trabalho de linguagem por trás”.

“A leitura do texto de Machado de Assis em si é imprescindível e insubstituível”, declara o professor de filosofia. Mas, ele considera válido o projeto para tornar acessível ao povo brasileiro à literatura e os textos do escritor. “Se o objetivo é esparramar livros que o façamos mesmo adaptando a linguagem popular os clássicos da nossa literatura”.   

E completa citando o poeta abolicionista, Castro Alves:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar. “
(Castro Alves, “O Livro e a América”)

Justiceira Censurada

Entre declarações polêmicas, Rachel Sheherazade divide opiniões 

Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco

Rachel Sheherazade, jornalista pessoense conhecida por fazer diversas críticas a vários temas que envolvem a sociedade e o governo, gera controvérsias ao fazer suas declarações. A atual âncora do SBT Brasil, um dos jornais da terceira maior emissora de TV do país, mostra sua opinião e faz diversos comentários durante o jornal que apresenta.

Rachel Sheherazade (Crédito - Mario Rodrigues)
Uma das críticas que renderam uma enorme polêmica foi o caso envolvendo um grupo que puniu um menor infrator que foi preso em um poste e espancado no Rio de Janeiro, em fevereiro. A jornalista mostrou seu ponto de vista sobre o assunto. "No país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro", disse Rachel. Esse assunto gerou tantas discussões que a jornalista está sendo investigada e acusada de apologia ao crime e incitamento à tortura e ao linchamento, pelo Ministério Público Federal.

Dois meses após o comentário, que foi classificado como nazista por muitos internautas, o Sistema Brasileiro de Televisão optou por vetar os discursos opinativos de seus âncoras, dividindo ainda mais o público. Segundo o publicitário Bruno Pereira, a liberdade de opinião deveria ser preservada a todo custo. "Vivemos em um país que em que se afirma o direito de se expressar livremente. Todavia, quando percebemos que algo está errado, ou pelo menos, parece estar, nos cobrimos de covardia e conformismo, retirando de nossas costas a obrigação de cobrar e levar publicamente nossa real indignação", afirma.

Contudo, uma parcela significativa de jornalistas se posicionaram contra Sheherazade, alegando que sua defesa aos vingadores populares seria indevida. Durante o Jornal da Band, Ricardo Boechat mandou uma indireta para a colega de profissão após noticiar o caso da mulher que foi linchada no Guarujá. "Esse crime aí, minha gente, tem tanta responsabilidade o autor do boato espalhado pela internet, no 'Guarujá Alerta', quanto pessoas que, mesmo em emissoras de televisão, estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos", declarou.

       
 A jornalista Lígia Souza se mostra insatisfeita quanto às falas da justiceira. "A função jornalística envolve desenvoltura e consciência ao narrar fatos, prendendo a atenção do receptor. Sobretudo, devemos priorizar o bom senso nos argumentos utilizados, principalmente quando eles tendem a repercutir excessivamente na mensagem transmitida", pontua.

Sob chuva no Memorial da América Latina

 Temporal não abala fãs no show de encerramento do festival gratuito da Cultura Inglesa

Por Fernanda Clas e Tamiris Mota
        Entre os dias 9 e 25 de maio, ocorreu o 18º Cultura Inglesa Festival (CIF). O evento, que acontece todo ano, é promovido pela Cultura Inglesa e conta com uma grande programação gratuita de música, cinema, espetáculos, bate-papos e exposições.
         Este ano, o CIF trouxe um tema novo para suas atrações: a gastronomia. A tradicional Feirinha Gastronômica, realizada aos domingos, na Praça Benedito Calixto, contou com uma edição especial, na qual foram servidos pratos típicos britânicos. O chef Andy Bates, autoridade em street food e especialista em culinária britânica clássica, foi um convidado especial. Além de suas receitas típicas, participou de um bate-papo sobre gastronomia de rua.
        Mas o destaque foi para o show de fechamento do evento, que contou com a presença de duas bandas inglesas o Los Campesinos e Jesus and Mary Chain, e dos brasileiros Monique Maion, Voliere e Staff Only. Daniela Fernández, estudante de biomedicina na Unifesp, esteve presente na 18ª edição do evento e conta como foi: “Fiquei até o cover da Amy Winehouse, foi a minha primeira vez no festival, adorei a homenagem que fizeram para ela. Eu e meus amigos não ficamos até o Jesus, o que atrapalhou foi a chuva, mas definitivamente quero voltar ano que vem.”
        Segundo a assessoria de imprensa, mesmo debaixo de muita chuva, o show atraiu mais de 12 mil pessoas à Praça Cívica do Memorial da América Latina, quase dois mil a mais do que no ano passado. O portal Terra transmitiu todas as apresentações ao vivo, atingindo 37 mil espectadores que preferiram acompanhar o festival longe da chuva.
The Jesus And Mary Chain, o show mais aguardado da noite de encerramento que animou o público mesmo debaixo de chuva (fonte:http://tenhomaisdiscosqueamigos.com/)

Por dentro do RBMUN

Evento organizado por alunos das Faculdades Integradas Rio Branco agradou o público, inclusive alunos de outras universidades


Por Danilo Alves, Jacqueline Altopiedi e Marcel Pereira 
Comitê de Direito no RBMUN
Fonte: www.riobrancofac.edu.br




Nos dias 17 e 18 de maio ocorreu o VI RBMUN, quando as Faculdades Integradas Rio Branco foram palcos de simulações sobre negociações de casos como Isabella Nardoni. Cerca de oitenta estudantes de diversas faculdades compareceram, colocando em prática informações obtidas dentro das salas de aula.

O RBMUN contou com a parceira do Secretariado-Geral Sobre a Juventude da Organização das Nações Unidas (ONU) que buscou saber dos alunos o que eles pensam sobre os temas: educação, emprego, saúde, boa governança, paz e estabilidade, com o objetivo de criar medidas para o fortalecimento dos jovens de todo o mundo.

O evento teve a participação do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Flavio Borges D’Urso. “Vejo aqui bons futuros advogados”, afirmou.

Juliana Barros, estudante de Direito nas Faculdades Integradas Rio Branco foi a organizadora do comitê de direito. “[O evento] ocorreu de forma produtiva e os debates alcançaram pontos importantes para o desenvolvimento das discussões”, disse.

“Acredito que os assuntos abordados no decorrer do evento foram de extrema relevância para o esclarecimento dos fatos perante os jurados”, completou.

Ela afirma que o evento acrescentou muito no conhecimento de todos e lembra: “Mostra como funciona, na prática, procedimentos jurídicos (no caso o júri) que aprendemos em sala de aula.”

Gregory Ribeiro, estudante de Direito na UNIP também foi ao evento e expôs sua opinião: “Eu achei um evento muito interessante realizado pela faculdade, pois ele ajuda o aluno a entender mais o conteúdo jurídico”. “Apesar de não estudar nas Faculdades Integradas Rio Branco todos me trataram com muita educação e tiveram um certo zelo”, acrescentou.

Perguntado sobre os assuntos abordados, ele afirmou: “Foram de total interesse diante do conteúdo que estudo, isso porque diante do júri o assunto abordado do caso de Isabela Nardoni é um assunto ainda novo, discutido e esta na mídia”.


“Em meu conhecimento o evento acrescentou muito, diante de meus pensamentos jurídicos, ou seja, se em alguma vez na minha vida for participar de um júri já possuo uma certa base do que ver, perceber, conversar”, declarou.





A fonte da Música Popular Brasileira secou?

Em meio ao surgimento de gêneros como o Sertanejo Universitário e o Funk Ostentação, muitos se perguntam o que aconteceu com a criatividade e a qualidade de nossas músicas.
Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues


Em meados da década de 1940, Luiz Gonzaga trouxe do Nordeste um ritmo acelerado e contagiante, fazendo o país dançar ao som do baião. Em 1958, João Gilberto inaugurou a Bossa Nova com a canção “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Uma década depois, jovens artistas adotaram instrumentos elétricos e concepções artísticas de vanguarda para apresentar a Tropicália. Em meio ao fenômeno grunge, bandas como Mundo Livre S/A e Nação Zumbi recolocaram a criatividade nordestina na praça ao dar vida ao Manguebeat.

O cantor e compositor Edvaldo Santana
(Foto: Reinaldo Meneguim)
O Brasil foi celeiro de ricas criações artísticas e berço de cantores que marcaram época por seu talento indiscutível e criatividade fora do comum. A música nacional já foi um produto fino do tipo exportação. Atualmente, no entanto, por mais que a mídia veicule uma gama de novos músicos, nada soa como novidade ou chama a atenção de ouvidos mais exigentes. A fonte secou ou não está mais disponível para o grande público?

Para o produtor musical José Nilton Tonin, a Música Popular Brasileira enfrenta um período de entressafra. “Vivemos um momento de transformação musical, em que novos gêneros são criados, mas muitas coisas serão passageiras. Passamos por uma crise, principalmente nos nossos conteúdos de letra, que influenciam todos os estilos musicais, e isso acaba sendo a principal arma utilizada pelo comércio. Então, a música acaba deixando de ser música e vira comércio”, afirma.

E quem responde por esse quadro? O cantor e compositor Edvaldo Santana acredita que, enquanto a música estiver sob domínio de grandes corporações, mais difícil será a promoção de novas ideias artísticas. “Elas continuam ditando as regras, comprando horários em emissoras de rádio, apresentações em programas de TV e publicações em jornais e revistas. O escoamento da produção musical continua muito difícil para quem não está ligado a alguma multinacional do entretenimento”, pontua.

O músico ainda ressalta que as novas tecnologias facilitam a divulgação dos materiais de artistas que, como ele, ganham a vida de forma independente. “A possibilidade de gravar e difundir sua obra ficou bem interessante, vieram à tona trabalhos com muita criatividade e que estavam escondidos. A internet é um oásis, pois democratizou o acesso de quem produz e de quem quer ouvir outro tipo de música que não sejam aquelas impostas pelo mercado.”


Em uma música plural e criativa, como é notoriamente reconhecida a MPB mundo afora, os talentos nunca desaparecerão. E caso eles não estejam diante de nossas vistas ou ao alcance de nossos ouvidos, não se preocupe. A beleza, às vezes, pode estar a um clique de distância ou em uma esquina qualquer.